Animais e esportes

Leio nesta quarta-feira (10 de agosto) simpática matéria no Estadão sobre animais silvestres que estariam “participando” destas Olimpíadas no Rio. Explico: tratam-se de aves marinhas que acompanham as competições a vela entre outras, corujas buraqueiras que acompanham o vai-e-vem dos atletas o Campo Olímpico, ninhos de quero-queros no campo de golfe, jacarés-de-papo-amarelo, bicho-preguiça, entre outros.

Animais interagindo com esportes é um assunto que tem me chamado a atenção. Neste final de semana, treinando na Ciclovia da Marginal do Rio Pinheiros, em São Paulo, observei, além das já tradicionais e atrevidas capivaras, dos destemidos quero-queros e dos mais do que previsíveis urubus, outras aves, como garças-brancas grandes e pequenas, bem-te-vis, pombões e até um pernilongo-de-costas-brancas, espécie que nunca pensei encontrar ao longo do mal-cheiroso e poluído rio.

Estariam as aves adaptando-se e buscando comida fácil nesses locais urbanos, apesar da forte poluição, que incomoda muito a nós, humanos? Sendo que somos nós os causadores dessa sujeira toda. A quantidade de garrafas pets, pneus e até sofás boiando no rio, formando verdadeiras ilhas de lixo, é descomunal. Sem falar no esgoto e lixo industrial que é jogado sem cerimônia na água.

Segundo a matéria no jornal, nestes jogos olímpicos foram tomados cuidados pela equipe de engenheiros agrônomos e ambientais que cuidam dos espaços, como proteger ninhos de corujas e quero-queros, retirar animais domésticos, castrá-los e encaminhá-los para a adoção, e até organizar tours guiados para as pessoas poderem conhecer a biodiversidade do centro olímpico. Bela iniciativa!Cristina Rappa

E que cuidados são tomados na nossa ciclovia, opção de lazer e esporte para muitos paulistanos? Que cumpre seu papel, apesar de suas limitações, como interrupções para obras intermináveis, lombadas, piso com irregularidades, além do mau-cheiro. Mas é o que temos para hoje, como dizem.

Pergunto porque na ciclovia há riscos de atropelamentos, ameaçando a integridade e a vida dos animais e dos ciclistas. Afinal, os animais cruzam a pista e alguns – os de pequeno porte, como sapos e ratos, e filhotes, inexperientes – são de fato atropelados. Todas as vezes que pedalo vejo um animal esmagado na pista. Aliás, todos as vezes que pedalo – em qualquer lugar – observo animais atropelados.

O regulamento da Ciclovia da Marginal do rio Pinheiros diz que é proibido “caçar, molestar ou alimentar os animais existentes no logradouro” e que é dever do ciclista “preservar a flora e a fauna existentes na ciclovia”. De fato, nunca vi ninguém alimentando, caçando ou molestando animais lá – a não ser quando, inadvertidamente, atropela um. Até porque quem vai à ciclovia está em busca de se distrair ou fazer esporte.

Ainda mantenho a esperança de um dia ver o rio Tietê limpo, o que é bom para todos: a população, os animais e os negócios da cidade. Até então vamos fazendo a nossa parte, não jogando lixo fora das lixeiras, plantando e cuidando de árvores, e respeitando os animais.